Era uma linda mulher de longos cabelos ruivos e olhar reluzente, mas seus monstros a ofuscavam naquela noite. Desnorteada, resolveu sair do pequeno cubo que a prendia e entediava. Sua sede por uma libertação não se limitava à uma corrida longa em busca de uma substância naturalmente prazerosa. O prazer que buscava tinha de vir de uma substância artificial. Sua libertação teve de vir do álcool, que em pouco tempo a desligada da dor e angústia que sentia durante horas.
Há poucos minutos ela tinha terminado um relacionamento duradouro. Após pouco mais de um ano, ela decidiu ser apenas ela. Sua namorada a principio riu, ao receber a notícia, pois acreditou ser uma brincadeira absurda. Mas em segundos, a face séria e sem esperança de sua parceira ruiva lhe deram permissão para se afogar em mágoas.
Para ela, terminar um relacionamento com uma mulher era o que havia de mais torturante em sua vida. A culpa pela fragilidade do sexo feminino ficava rodeando suas noites passadas em claro. Mas ela teve de fazê-lo, pois não podia mais viver uma vida de mentiras. Sempre fez de tudo para que terminasse da pior maneira possível porque a dor da briga, do ódio, seria menor do que a dor de um “abandono sem motivo”. Mas o motivo ela sabia bem qual era: o amor... diferente!
O amor que uma sentia era o amor que quer dar tudo o que se pode dar. Amor de beijar e abraçar em todo momento em que houver um breve espaço entre dois corpos. Amor de tocar e desejar o corpo frio de sua parceira. Esse amor que permaneceu o mesmo do começo ao fim, fez-se oposto ao outro amor. Este era um amor que se preocupava, cuidava de alguém como fosse sua parte de sua própria carcaça. Um amor ingênuo que sente falta de poder estar perto para dar apenas algumas risadas. Um amor que muitas vezes, mesmo não querendo, era capaz de sentir nojo a cada caricia delicada em sua pele. Amor que se perdeu com o tempo. Amor que virou amizade!
Embriagada, conformava-se que não havia mais volta. Já pronunciou a palavra, já derramou a lágrima, já sofreu e se angustiou. Pensou em se arrepender, porem apenas sorriu. Finalmente libertou-se de seus monstros e estava apta a amar alguém... como mulher!
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